A abrangência das discussões realizadas no I Congresso Brasileiro de Ciências Farmacêuticas incluiu um assunto muito pouco explorado, mas de grande relevância para quem atua com atendimento farmacêutico, principalmente, na atenção primária. A questão de gênero foi debatida em mesa redonda realizada das 9h as 10h30, no auditório C1, em Foz do Iguacu (PR). A atividade foi coordenada pela presidente da Executiva Nacional de Estudantes de Farmácia (Enefar), Cristiane Manoela Silva, e apresentada pelos convidados Gustavo Antônio Raimond (UFU) e Paula Santana Lunardi (UFCSPA).
“Nessa mesa, a proposta foi debater as questões de gênero tanto a partir da perspectiva social como biológica, para que possamos pensar sobre como o farmacêutico pode lidar com essas questões de gênero, que são uma demanda da sociedade”, explicou Cristiane Manoela.
De acordo com Gustavo Raimond, as questões de gênero perpassam desde a década de 1960, com o movimento feminista, e os anos 1980, com o movimento dos Gays, Lésbicas, Bixexuais e Trangêneros (LGBT) até os dias atuais. No início do século XXI, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) orientou que essa discussão ocorra também dentro dos currículos da área da saúde.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o ensino da Farmácia no Brasil passaram por uma atualização recente, capitaneada pelo Conselho Fedederal de Farmácia (CFF), com o envolvimento das demais entidades, entre as quais a Enefar. Em outubro foram lancadas as novas DCNs, já incluindo esse debate como um importante componente da formação para o cuidado em saúde. “Nós podemos trazer isso para o campo profissional da Farmácia quando legitimamos que o outro tem a sua autonomia do ponto de vista da sua construção identitária, da sua orientação”, afirmou Gustavo.
Para Gustavo, essa legitimação pode se dar no atendimento clínico farmacêutico. “Ao atender uma pessoa transexual nas farmácias, podemos, por exemplo, perguntar o nome que o outro atribui a si, e não somente o nome que figura no seu documento de identidade. Pois, se eu olho para o paciente e vejo uma mulher, eu devo perguntar como ela gostaria de ser chamada. Esse é o primeiro passo do cuidado”.
Paula Lunardi aprofundou o debate comentando as evidências neurocientíficas e neurobiológicas. Segundo ela, o campo das neurociências em relação ao comportamento de gênero ainda é superficial. “Essa ideia de trazer mais informações de gênero para os profissionais da área da Saúde, de que o tratamento é individual e não estigmatizado, deixa os profissionais mais seguros para lidar com essas questões no atendimento”, disse.
Fonte: Comunicação do CFF
Autor: Murilo Caldas
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