Laticínios, embutidos e refeições prontas produzidos no País terão de reduzir em até 68% os seus teores de sódio nos próximos quatro anos. A mudança foi acertada ontem entre o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
Esta é a quarta e última fase de um acordo firmado entre governo e fabricantes em 2011 para diminuir a quantidade do ingrediente em vários produtos alimentícios vendidos no Brasil. O objetivo é tentar reduzir o risco de doenças relacionadas ao consumo excessivo do produto, como hipertensão, problemas renais e cardíacos.
Pelas contas do Ministério da Saúde, feitas com base em informações repassadas pela indústria, a redução permitirá a retirada de 28 mil toneladas de sódio até 2020. Ao todo, o acordo abrange 16 categorias de alimentos: de massas instantâneas, pães e bisnaguinhas até cereais matinais, biscoitos e maionese.
Nesta última etapa, a maior redução está prevista para a muçarela. Até 2016, a fórmula do produto deverá conter 68% menos sódio do que o apresentado atualmente - 1,6 mil miligramas. Em seguida, vem o requeijão cremoso, que terá uma redução de 63,2% do ingrediente.
O sódio, quando consumido em excesso, aumenta a retenção de líquidos, o volume sanguíneo e, como consequência, eleva a pressão e o esforço cardíaco e dos rins. Apesar dos riscos, o brasileiro o consome de forma excessiva -12 gramas diárias, contra o limite de 5 gramas recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O consumo abusivo, porém, não pode ser atribuído ao simples gosto pelo tempero. Mui; tas vezes, a ingestão ocorre de forma desavisada, pois o teor é alto mesmo nos alimentos de sabor adocicado que levam o ingrediente. Isso porque o mineral é usado como conservante dos alimentos: ao retirar a água do produto, ele reduz, por tabela, os riscos de proliferação de bactérias. Para diminuir o sal, é preciso que a indústria mude ã composição dos produtos.
Apresentado como um grande avanço pelo governo e pela indústria, o acordo é considerado tímido por especialistas. Mesmo se as metas estabelecidas forem cumpridas, muitos produtos ainda terão teor de sódio superior ao de outros países. A coordenadora-geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime, explica que os valores foram definidos com base em uma média. A ideia é que, ao fim do prazo, os produtos tenham níveis equivalentes ao menor teor encontrado no mercado quando a meta foi estabelecida ou valores do mercado internacional. "Vale o que for menor".
Sem efeito. Em nota, a Proteste, uma ONG de direito do consumidor, afirmou ontem que os valores acertados no termo estão muito próximos dos teores já encontrados atualmente e que apenas produtos com níveis muito acima da média terão uma redução significativa.
Crítica
"Não se espera, em médio prazo, um resultado impactante na saúde pública, que deveria ser o objetivo deste acordo." PROTESTE, EM NOTA ONG DE DIREITO DO CONSUMIDOR.
Fonte: O Estado de S.Paulo
Autor: Lígia Formenti
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