17/11/2017 - Academia x prática: mesa ilustra como valorizar os serviços farmacêuticos

Sob a moderação da professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Sílvia Storpirtis, a mesa-redonda "Panorama nacional e internacional dos estudos em farmácia clínica" foi realizada na manhã desta sexta-feira, 17. A atividade contou com exposições dos docentes Cassyano Correr (UFPR) e Fernando Fernandez-Llimós (Universidade de Lisboa-Portugal), que ilustraram suas falas com diversos exemplos de ensaios e trabalhos científicos, correlacionando os saberes teóricos examinados com a aplicabilidade nas rotinas clínicas farmacêuticas.

Correr iniciou sua manifestação explicando o projeto DEPICT (Descriptive Elements of Pharmacist Intervention Characterization Tool), um novo sistema desenvolvido em 2012 para caracterização dos componentes das intervenções farmacêuticas em saúde. Segundo ele, a ferramenta foi idealizada para compilar todos os ensaios clínicos e facilitar a implementação prática do que é estudado. Complementando, o professor exibiu indicadores de ensaios clínicos randomizados ao redor do planeta em farmácias, ambulatórios e atenção primária de 1973 a 2014. Propondo olhar "para dentro desses serviços prestados ao paciente", ele aprofundou o foco e o momento das intervenções, os materiais entregues durante o contato com o paciente, quantos encontros ocorrem para a prestação do serviço e como o farmacêutico e paciente se comunicam durante o processo - com apenas 2% registrada, Correr acredita que a comunicação por vídeo tende a aumentar nos próximos anos.

O palestrante ainda pontuou as fontes utilizadas para obter dados sobre o paciente nos diversos serviços, assim como os parâmetros avaliados e as condutas e autonomia do profissional frente a essas demandas. Questionando a audiência sobre o que vale avaliar tantas pesquisas, Correr defendeu que a estratégia permite "desenhar os serviços" que são realizados, jogando luz sobre como esse trabalho está sendo construído.

O professor espanhol Fernando Fernandez-Llimós comentou as definições propostas por diferentes instituições sobre a farmácia clínica, contextualizando a história do movimento e a implicação dele na sociedade. O ministrante ressaltou a relevância de que seja estabelecida - e consolidada - uma terminologia em torno dos serviços clínicos, de modo com que os conceitos se tornem mais claros e valorizem a atuação farmacêutica à sociedade.

Segundo ele, há dois elementos fundamentais que os farmacêuticos precisam considerar na área clínica: o que será avaliado e que intervenção será feita. Fernandez-Llimós também destacou os processos de cuidado, evidências e cenários de atuação, exemplificando o caso da Diabetes e fatores que envolvem desde conhecimento e adesão ao tratamento, até a morte do paciente. Segundo ele, os farmacêuticos clínicos podem ter um efeito positivo nos resultados em saúde dos pacientes, mas isso não está sendo bem demonstrado nos estudos.

Assim, ele observou que tais trabalhos precisam de uma maior extensão, sendo feitos em colaboração multicêntrica, com avaliação do core outcomee de todos os resultados que pede o consort. Descrição dos componentes da intervenção e revisões sistemáticas robustas igualmente foram apontadas como lições para aprender. "É preciso juntar o rigor metodológico da academia com os pacientes da prática. Dessa forma vamos convencer a todos das utilidades dos serviços farmacêuticos", afirmou.

Fonte: Comunicação do CFF
Autor: Julian Schumacher

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