A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do daclatasvir, um novo e mais potente remédio contra a hepatite C. A decisão, que libera a venda e o uso do medicamento, deve ser publicada no “Diário Oficial da União” de hoje. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) deverá fazer análise de custos num prazo de até seis meses, e, a partir daí, o remédio será distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, tudo indica que isso se dará ainda este ano.
— Esperamos durante 2015 analisar a incorporação tecnológica, mas também fazer a aquisição e iniciar a distribuição, reproduzindo de maneira pioneira com a hepatite C aquilo que o Brasil já fez em relação à Aids — afirmou Chioro.
Segundo o ministério, o daclatasvir, combinado a outras duas moléculas — sofosbuvir e simeprevir — que ainda estão em fase de aprovação da Anvisa, permite a cura em até 90% dos casos e provoca poucos efeitos colaterais. Medicamentos similares vendidos no país levam à cura de pouco mais da metade dos usuários, exigem tratamento prolongado e quase sempre castigam os usuários com pesadas reações adversas. Pelos cálculos dos fabricantes do medicamento, o daclatasvir pode levar à cura em até três semanas. Os outros remédios dependem de um tratamento que pode se estender por nove semanas.
— O percentual de cura é muito maior, e a médio e longo prazos teremos uma economia formidável porque diminuiremos a necessidade de transplante — disse Chioro.
BAIXO EFEITO COLATERAL
O daclatasvir teria uma vantagem adicioal ainda porque, graças aos efeitos colaterais reduzidos, pode ser usado por portadores de HIV. A hepatite C é causada por um vírus (HCV), transmitido por meio de transfusão de sangue, uso compartilhado de seringas e objetos de higiene pessoal como lâminas de barbear e depilar, alicates de unha e agulhas, além de instrumentos de tatuagem e perfuração de piercings.
Pelos dados do Ministério da Saúde, o país tem hoje 16 mil pessoas que fazem tratamento contra o vírus, boa parte delas com mais de 45 anos.
A doença atingiria 3% da população mundial, aproximadamente 185 milhões de pessoas. A Anvisa está analisando ainda a eficácia do sofosbuvir e do simeprevir, também indicados para o tratamento contra a hepatite C. O ministério pediu prioridade no estudo, da mesma forma que tinha feito em relação ao daclatasvir.
Caberá à Anvisar decidir se os dois medicamentos podem ou não ser usados no Brasil. Segundo Chioro, tudo depende de parte da documentação que os fabricantes terão de apresentar para comprovar a eficácia e a qualidade dos remédios a ser liberados: — Depende agora de os laboratórios concluírem as comprovações necessárias junto à Anvisa.
Chioro disse ainda que a ideia do governo é fazer uma negociação ampla com os fornecedores para reduzir custos. Segundo auxiliares do ministro, o tratamento individual com o uso do daclatasvir ficaria em torno de R$ 40 mil. Mas, como o SUS deverá adquirir o produto em grande quantidade, o governo espera diminuir os gastos. As despesas com o remédio poderiam ser compensadas também com o período menor do tratamento.