A armazenagem das células-tronco do tecido é um procedimento simples e seguro.
O material costuma ser dispensado após o parto.
Desde que foi lançado, o serviço de coleta e armazenamento de células-tronco mesenquimais do cordão umbilical em São Paulo registrou um crescimento de 27% na demanda.
Os dados são da StemCorp, empresa criada em fevereiro deste ano e que tem, como consultora científica, a geneticista Mayana Zatz.
O StemCorp, segundo informa a própria empresa, é dirigido pelos autores do estudo que revolucionou o critério de armazenagem de células tronco no momento do parto em todo o mundo.
A alternativa de armazenar células tronco contidas no tecido do cordão umbilical e não as do sangue, como se fazia até bem pouco tempo, surgiu graças a um alerta de três pesquisadores brasileiros, orientados pela geneticista Mayana Zatz.
Há pouco mais de 2 anos, eles descobriram que as as células tronco mesenquimais, presentes no tecido do cordão umbilical, são mais versáteis e teriam potencial muito maior de aplicação terapêutica do que as células do sangue do cordão umbilical.
Depois de publicada a tese de doutoramento dos três alunos da USP, bancos de coleta do mundo todo mudaram procedimentos e passaram a armazenar células do tecido e não mais do sangue.
A descoberta científica de Eder Zucconi, Mariane Secco e Natássia Vieira foi citada mais de 100 vezes em outros trabalhos acadêmicos.
No Brasil, logo depois de concluir o estudo, os três jovens lançaram um alerta para a comunidade científica sobre o equívoco que havia ao descartar o tecido do cordão umbilical.
Recentemente, a Anvisa também soltou uma cartilha ressaltando como são raros os casos em que as células do sangue vão servir para o tratamento de doenças.
Das mais de 45 mil unidades de células-tronco extraídas do sangue do cordão e armazenadas em bancos privados do País, apenas 3 foram usadas pelas próprias pessoas para transplante.
“Graças aos 10 anos de pesquisa com células-tronco, a comunidade médica vem recomendando às pacientes grávidas o armazenamento das células-tronco do tecido do cordão, por isso a demanda tem sido crescente”, explica Eder Zucconi, diretor científico da StemCorp.
Em um laboratório projetado parao cultivo e expansão de células tronco mesenquimais, o StemCorp é hoje a primeira empresa brasileira capaz não só de armazenar mas também crescer e multiplicar células-tronco mesenquimais provenientes de diferentes fontes sem o uso de produtos animais.
Embora ainda não existam tratamentos aprovados com o uso de células-tronco, a expectativa da comunidade científica mundial é de que isso não vai demorar.
Diversos centros de pesquisa em todo o mundo estão investigando possíveis aplicações para o tratamento de inúmeras doenças, tais como diabetes, cirrose, infarto do miocárdio, artrite, lúpus, entre outras.
No Brasil,Mayana Zatz segue estudando o uso terapêutico nas distrofias musculares e os diretores do StemCorp ainda estão envolvidos em pesquisas relacionadas a doenças envolvendo lesões de cartilagem e úlceras, as chamadas feridas que nunca cicatrizam.
A coleta das células tronco do tecido do cordão é um procedimento simples e seguro.
O material normalmente é descartado após o nascimento.
Depois de coletadas, as células são armazenadas e ficam à disposição para serem expandidas e usadas.
Fonte: DCI